Por Victória Cirino
Imagem: Revista Veja/Thinkstock
Um estudo conduzido por Hugo Cogo Moreira, pós-doutorando do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, revelou que alunos que assistiram a aulas de música aumentaram suas médias finais nas disciplinas de português e matemática. A pesquisa comparou um grupo de estudantes entre 8 e 10 anos com dificuldades de leitura que passou a ter aulas de música três vezes por semana por cinco meses com outro grupo da mesma faixa etária e com dificuldades semelhantes que não recebeu as aulas.
As aulas foram acompanhadas para garantir que a mudança no desempenho escolar não estivesse relacionada com uma possível alteração na dinâmica das aulas. Comparando alunos das mesmas turmas, os resultados foram impactantes: aqueles que haviam assistido a todas as aulas de música conseguiram ler corretamente em média 14 palavras a mais por minuto quando comparados àqueles que não haviam participado das atividades, que envolviam composição, canto, improvisação e ritmo.
O pesquisador Hugo Cogo explica que o ensino de música não é musicoterapia: “A musicoterapia não tem por objetivo central o ensino musical, enquanto nas aulas de música o interessado é instruído e foca-se no aprendizado de uma série de elementos que podem ser encontrados no fenômeno musical (ritmo, harmonia, altura, métrica)”. Ele esclarece que os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que o ensino de música deve se basear na composição, improvisação e interpretação. Em seu doutorado, Cogo observou que habilidades de percepção musical estão relacionadas com habilidades de leitura.
Durante o doutorado, além desse estudo de intervenção (conhecido como ensaio clínico), o aluno fez uma revisão sistemática de mais de 500 artigos, mas nenhum deles fornecia informações a respeito da efetividade de aprender música e melhorar habilidades de leitura. “O nosso estudo experimental é o primeiro no mundo que abre uma nova perspectiva no que tange a exploração dos efeitos do aprender musical que se relaciona com habilidades de leitura e desempenho escolar nas disciplinas de Português e Matemática”, relata Cogo.
Ainda não existe um teste específico que meça habilidades de percepção musical, mas o pesquisador está tentando desenvolver um instrumento que cumpra essa função. Em conjunto com o colega Caio de Barros, mestrando em composição pela Unesp, Cogo pretende criar uma bateria de testes para medir essas habilidades. O teste pode ser encontrado no site: www.armonikos.org
Mais informações sobre essa pesquisa pioneira podem ser encontradas nos seguintes links
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